quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Anarchowissenschaft

Que todas as entidades a mim presentes,
as orgânicas, as metafísicas e as dissidentes,
percebam que quando o fluxo de minha gente
tende a tentar furar a mentira histórica
do Jesus louro, puritano e pária,
-negando o real e subversivo mouro, anti-estadista e sem pátria,-
do Brasil bobo, simplista, consumista e sem gingado
- não o subversivo caboclo, resistindo em bamba, mas ainda acorrentado.

Agora que tende a tentar,
os jagunços vão chegar,
vão gritar que são a lei,
lei sem poema, sem emblema, nem humanidade,
lei-escudo para a cama do covarde,
mas ainda assim, o sacolejo
-já disse a mim a baiana-
só vem depois de respirar.

E não interessa o que se respira,
se é vida, arte ou gás,
não interessa o que se inspira,
sabores, amores ou paz,
só interessa o que se identifica,
em meio aos vultos do simbolismo vazio,
como nação para o povo,
Como nação-povo-substância-bamba
Como pátria-comadi-infância-samba
- chega da nação dos falsos quadros com cavalos na serra.

Subestimem nossa inteligência,
e cometam a negligência
de achar que não sabemos
que cavalos não sobem serras.

E aquela mula que carregava
Pedro-luso,
representava o Brasil.
Nunca ele, sempre a Mula.

A mula que o assistia
cagar
ao aceitar
nossa primeira dívida
em troca de uma independência retórica.

Independência que ainda tarda,
pois calçamos botas nos bandeirantes,
independência vazia,
pois a cultivamos aos nossos ouvidos reprimidos
mas jamais a praticaremos
com estas mesmas mãos com as quais tapamos os ouvidos. 

Nossos consagrados assassinos
serão assassinados pelos
nossos esquecidos heróis,
que hão de um dia se levantar da cova,
junto com Jesus Mouro e sua Corja-subversiva,
E gritar ao mundo inteiro:

"A era de Aquarius nunca acontecerá
'Sem Violência'
porque eu 'não vim trazer a paz, mas a espada!' "


A libertação não será embriagada

de porrada
pura e gratuita.

Será violenta, organizada, autônoma e elevada.
Violenta ao passo que expõe a pobreza de espírito dos seres morais.
Violenta assim que tirar o monopólio da violência e da paixão.
Violenta assim que criar o pluripólio do amor e do outro como irmão.

Violenta como uma suave, serena, terna e lírica poesia em alemão.

João Gabriel Souza Gois, 1º de agosto de 2013

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