sexta-feira, 29 de março de 2013

Junk off

Traga a substancia que quiser de qualquer fonte imaginada.
Nenhuma faz nada.
Só aquela música me embala,
me deixa embriagado,
com correntes do inimaginavel,
e caminhos diversos que acuam
e recuam meu espírito.

Só aquela música.

Realmente,
minha gente,
realmente,
desfiz-me.
Onde me recolho?

Só aquela música.

Fantasiosamente,
meus amigos,
fantasiosamente,
me refiz.
Onde me liberto?

Só aquela música,
me recobra as origens de tudo
do que hoje significa tudo.
Pois embriagado nela,
estou encarando o que fujo
quando me mantenho na sobriedade do esquecimento.

Mais um lamento,
só essa música.
Ouço aquelas,
mas só essa.
Peregrino de promessas nada sagradas.
Se contraindo quando confessa mágoas.
E o devir mostra a beleza,
a mistura ideal,
e o devir é tão velho, e hoje tão banal,
que sistematizando os passos,
crio uma pane em passados.

Águas passadas,
santo Heráclito,
e o homem que por ela passa
passado também é.

Estou passado.
Sou picolé.

Espirro doentemente.
E procuro a origem da doença:
Re-Nietzsche.
Tenho desde nascença.
O diagnóstico se chama pós-modernidade.
E não há finalidade nem meandro.
Não há afinidade nem Leandro
que complete algo com esse diagnóstico.

Foi um dia agnóstico o de hoje,
e seja como for,
entre as barreiras do prazer e do amor,
ridículo os poetas em frente ao computador,
lamentando a puta dor de existir,
enquanto no voar do beija-flor,
e no pós-nascer o primeiro sorrir,
se poder ir, vir, ver e concluir,
que não há signo nem símbolo além de Devir,
que dê justiça, fortifique.
Que justifique
o viver e o cair.

João Gabriel Souza Gois, 30 de outubro de 2012

Obs: Poesia até que antiga que encontrei entre alguns esboços e rascunhos; tava querendo postar uma nova que tinha mais a ver com o que vivenciei esses dias, mas essa, talvez supriria essa necessidade de amostra estética de maneira mais indireta.

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